Essas pequenas coisas que nos acontecem bem diante de nós, pequeninos fatos que realmente nos parecem tão ínfimos, mas que, quando catapultados por asas de borboletas caóticas, acabam em mastodônticas tragédias. Toda hora nos deparamos com essas enormes lambanças que seriam facilmente evitadas se alguém, de fora da lambança, tomasse conta da situação. Tomemos um exemplo: aquele ônibus que despencou de um viaduto sobre a Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. Parece que o “acidente” aconteceu por causa de uma discussão entre um rapaz e o motorista do coletivo. Se alguém ali dentro do ônibus tivesse interrompido a briga entre os dois, aquela desnecessária tragédia não aconteceria. Alguém poderia ter se levantado e falado: “Gente, vamos adiar essa discussão pra uma hora em que não estivermos correndo risco de vida, por favor?”. Sete pessoas ainda estariam vivas se algo similar tivesse realmente acontecido.
Bem, é claro que a culpa não é de quem não interfere. Ali, no caso do ônibus, a culpa não foi dos outros passageiros. Claro que não. Mas será que esse código silencioso da não interferência que nos domina a todos e mantém a sociedade nesse equilíbrio de destruição e morte é realmente o mais eficaz? Ou isso é apenas uma solução temporária para uma humanidade temporária?
Eu não sei também. Eu sou o rei do “não sei” (Sócrates morreu; o posto está vago há 2 mil e quinhentos anos, gente). Mas uma coisa eu sei: de hoje em diante toda e qualquer pessoa ou grupo de pessoas que oferecerem algum tipo de risco à minha integridade covarde, com ações idiotas que obviamente darão em lambança, logo serão interrompidos por algum discurso ou ação minha. E dane-se a vergonha.
Pilotos de avião, aguardem-me.
[cato alberico ribeiro]