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um minuto de movimento psicológico subjetivo durante uma reunião de trabalho (talvez o café esteja forte demais)

nenhum de nós é tão burro como todos nós juntos

O corpo humano é todo um mecanismo (com a permissão para esticar as compreensões semânticas da palavra “mecanismo”) de proteção ao equilíbrio homeostático dele mesmo.

Não estou muito certo se “equilíbrio homeostático” é redundante.

Mas enfim. Ele, o corpo, é todo defesa.

Existem dois tipos de defesas imunológicas neste corpo, neste meu, neste seu, neste nosso corpo: o inato e o adaptativo. Tudo no corpo é um mecanismo, repito, de proteção dele mesmo. Do que, exatamente? De tudo que existe neste ambiente externo e que é extremamente danoso à formação desta coisa fascinante que é a consciência humana.

Desculpem-me o pedantismo; a leitura deste Damásio me deixa assim. Comovido.

Pois bem, a saliva é uma arma muito eficiente contra bactérias, assim como o suco gástrico, um também poderoso destruidor de micro organismos invasores. Tanto a saliva como o suco gástrico fazem parte do sistema imunológico inato. São armaduras.

Se a armadura falha, o que é muito comum nestes dias modernos de psicossomatias, existem várias outras formas de defesa-ataque (uma defezataque) que minam as resistências dos invasores. Até que os destruam completamente. Ou não.

Estes termos e ideias são mais ou menos reconhecíveis por todos nós, acho que aprendemos um pouco disso na escola. Faz muito tempo. Porém, para os milhões de outros detalhes a respeito do assunto, eu nunca me canso de repetir, está aí nossa amiga internet com tudo que precisamos para sanar nossas dúvidas.

Ou entra na faculdade de medicina.

Todo mundo sabe mais ou menos o que é um sistema imunológico. O que ninguém para pra pensar, é que a mente humana, a consciência, esta coisa muito difícil de ser compreendida por ela mesma, provavelmente também tem seus próprios mecanismos de defesa. E muito similares aos mecanismos orgânicos de nosso sistema imune. É o que eu gosto de chamar, só pra causar um pouco, de “Sistema Imunológico da Burrice”.

Quando uma ideia nova (invasora) rompe a barreira de nossas opiniões, que são todas essas mentirinhas disfarçadas de verdadinhas, a mente logo aciona suas defesas, na velocidade da luz, e usa todos os artifícios disponíveis para atacar essa ideia invasora. A pessoa nem percebe, mas pode estar usando uma tática de persuasão nazista contra uma ideia nazista.

A mente ataca sem pensar.

Como tudo acontece muito mais rápido do que a propagação dessas opiniões pelo ar, os discursos que nos enojam ou enraivecem, e que viajam na velocidade do som, são logo rechaçados antes mesmo que eles toquem nossos ouvidos. Fica provado aí porque um preconceito aflora muito mais rápido do que uma conclusão real, obtida através de uma longa exposição dos fatos e a franca discussão e análise científica de todos eles.

A verdade é demorada. Por isso que ela é chata.

E é por isso que não se deve perder tempo com ladainhas preconceituosas e fingimentos intelectuais. Se você não sabe do que está falando, cala a boca. Talvez você aprenda alguma coisa ouvindo. O silêncio liberta.

Eu, assim como o Luis Fernando Veríssimo, odeio reuniões de trabalho e também acho que é por causa delas que a humanidade está parada no mesmo lugar há anos.

E eu acho que este café talvez esteja um pouco forte demais.

[CATO ALBERICO RIBEIRO]

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