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mulheres rycas: só o lexotan salva

Quando eu digo que não tenho televisão, ninguém acredita. É verdade. Eu não tenho televisão.

É por que eu sou contra? Claro. Mas é também porque eu gosto. Muito.

Então eu simplesmente evito, porque se eu paro na frente da televisão eu encontro dificuldades enormes pra sair da frente dela. É simples assim. Deve ser algum satanismo. Televisões são coisas demoníacas mesmo e, se não fosse assim, não seria a maior arma de manipulação em massa de todos os tempos.

Manipulação das massas, pelas massas, com as massas.

Então eu evito. E que não liguem um Datena na minha frente, pois eu sucumbo. É duro admitir, mas é verdade.

Mas vá lá, eu até acho que sou bastante resistente. Tanto tempo sem televisão faz subir um orgulho besta na cabeça da gente, acho que meio parecido com o que um ex-viciado sente quando lembra que está a tanto tempo longe das drogas. Apesar disso, farei uma crítica sobre um programa de tevê.

É isso mesmo: sou partidário do “eu não vi e não gostei”.

Mulheres Ricas” será o programa em questão, que estreou esses dias na Bandeirantes e é um reality show sobre… mulheres rycas.

O que me interessa, claro, não é o programa em questão, mas o impacto de tamanha imbecilidade na sociedade. O melhor lugar para analisar isso, como sempre, é a internet. Comentários em blogs e sites proliferam aos borbotões cibernéticos. Felizmente, parece que se formou um consenso entre os “críticos” de que o programa é um festival de futilidades mesmo, além de ser uma afronta para um país como o Brasil ter que viver com cinco perfeitas idiotas esfregando nas caras esfomeadas e sujas da população suas boas vidas moles.

Elas merecem suas vidas moles? Em algum nível de meritocracia, podemos dizer que sim. Mas apenas se partirmos do princípio de que a noção de “merecimento” pode ser esticada infinitamente para todas as direções de suas semânticas babacas. Então, tá, elas merecem.

Acho.

Mas o mundo precisa disso nas suas casas, bem na hora da janta? Será mesmo que as pessoas merecem que esse tipo de cretinice seja entregue nas salas de suas casas com todas as facilidades das preguiças eletromagnéticas de suas televisões de LED, pagas em diversas prestações, com o esforço suado de uma escravatura fantasiada de carreira profissional? Elas merecem todo esse esbanjamento, ostentação, ganância, burrices, cafonices, arrogâncias, mentiras, futilidades, exageros, mais esbanjamento, falsidade, pérolas absurdas como “a gente nunca diz para o marido o que a gente compra, manda a conta e pronto” ou “se rico não gastar, o dinheiro não circula”, constrangimentos sem fim, vergonhas alheias várias e altas doses de cortisol expelidas ininterruptamente pela glândula supra-renal, ou seja, uma raiva pura que não dá nem pra pôr em palavras?

Eu respondo: merece.

Porque o mundo fala mal, mas assiste. Apesar das críticas ferradas, o Ibope até que foi razoável para tamanha inutilidade, variando entre os cinco e os sete pontos de audiência.

Então o povo sofre, mas gostcha.

E o dinheiro tem que girar. Mas só entre as rycas. Está aí o segredo.

Um giro interno.

[CATO ALBERICO RIBEIRO]

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