Quem é que precisa de poesia nos dias de hoje? Quem são essas pessoas, que baixam suas armaduras arrogantes e seus achismos egocêntricos para admitir que o homem precisa de beleza, catarse e propósitos maiores do que os seus próprios umbigos para irem adiante?
Quem?
Eu quero ver quem é que levanta o dedo.
O Leminski, aquele louco, dizia que era muito fácil fazer poesia na adolescência, exigindo coragem e força, porém, para ser poeta depois dos trinta anos. Concordo.
Como eu já passei dos trinta, não sou mais poeta. Cresci. Já o fui, quando criança, e no começo de minha estragada juventude. Agora eu sei que faço parte de uma humanidade ultrajante, que não quer nada com a beleza do mundo e recalca qualquer tentativa legítima de apreensão dessa beleza, sei que vivo entre os piores seres do planeta, que provavelmente só estão-estamos aqui para destruir o planeta, como um câncer mesmo. E, assim como não existe câncer ruim, não existe uma humanidade ruim também. Nós apenas somos assim.
Ruinzinhos.
Então, poesia pra quê? Afinal, é esta a pergunta que se faz.
E se alguém responder: “pra ler, senhor escritor”, inventa uma resposta mal educada aí que você acha que eu daria numa situação dessas e responda a si mesmo.
Bicho ruim.
[CATO ALBERICO RIBEIRO]
“Pra quê por quê?” né Leminski?